Contos da andorinha Maria

Capítulo 1

Os pássaros também voam 

A Liberdade é das maiores conquistas que se pode ter. 

Desde que nascemos até ao momento que morremos, somos privados desse sentimento várias vezes, a perda de liberdade. 

Coisa estranha perder a liberdade.

Vou contar a história da andorinha de nome Maria. 

A Maria nasceu com a asa esquerda mais pequena que a direita. 

Desde cedo os seus pais perceberam que ela não seria igual aos seus irmãos e provavelmente nunca viria a voar. 

No entanto os seus pais tentaram não transparecer as suas preocupações para a filha Maria e tratavam-na exactamente da mesma maneira que tratavam os irmãos.

A andorinha Maria era uma menina muito inteligente, tinha noção das suas limitações e sabia que nunca iria voar. 

No entanto, graças aos seus pais, sabia que tinha o seu apoio e que eles estavam dispostos a tudo para ajudar a Maria. 

A Maria cresceu feliz e com uma determinação muito grande. 

Sempre que podia fazia exercício para compensar a pequenez da sua asa esquerda. 

Queria ser forte e voar como os seus irmãos.

Porém o vento deves em quando fazia das suas e empurrava-a para destinos diferentes do seu. 

No entanto, a Andorinha Maria desenvolveu a capacidade de correr muito depressa para compensar a sua pequena asa. 

Era normal vê-la correr de um lado para o outro bem depressa. 

Certo dia a Andorinha Maria andava a brincar junto do seu ninho quando de repente ouviu um choro, primeiro começou baixinho, mas rapidamente ficou muito alto e ruidoso.

Curiosa como era, a andorinha Maria foi ver. 

O choro vinha da flor mais bonita que alguma vez tinha visto, suas pétalas azuis lembram o céu e misturavam-se com o verde das árvores que a rodeavam. Era uma flor elegante e muito feminina. 

Porque choras? Perguntou a Maria. 

A flor por entre os soluços foi dizendo, porque passo aqui o dia no mesmo lugar e não posso ver os lugares que os pássaros e os insectos relatam quando passam por aqui. 

Uma abelha que ouviu o burburinho parou para saber o que se estava a passar o que estava a causar tanto alvoroço. 

Então a andorinha Maria explicou tudo. 

Solidária com a situação a abelha comprometeu-se a passar ali todos os dias para partilhar as novidades frescas do dia e assim a flor teria com que sonhar o resto do dia. 

Certo dia andava a andorinha Maria a passear nos seus pensamentos quando de repente começou a ouvir um zumbido. Ao princípio achou que era a sua amiga abelha Amélia e começou a chamá-la. No entanto, não obteve resposta. 

Mas o zumbido tornou-se mais alto e agudo, parecia que as árvores estavam a ser cortadas. Então a andorinha Maria tentou voar para ver o que se estava a passar, mas a sua pequena asa esquerda não permitia atingir a altitude que desejava. 

De repente viu famílias inteiras de animais a passar desesperados, a andorinha perguntou o que se passava, no entanto ninguém respondeu. 

Enquanto pensava no que poderia estar a acontecer viu a amiga abelha Amélia, que só teve tempo para lhe dizer agarra-te com força. Mas a andorinha não teve tempo de reagir e começou a rolar descontroladamente pelo chão. 

Nisto passou pela sua amiga flor que lhe lançou uma das suas folhas e gritou agarra que protejo-te. 

A andorinha Maria agarrou-se com toda a força que tinha e a flor enrolou as suas folhas em seu redor. 

A flor era na realidade um pequeno plátano cheio de raízes fortes que faziam com que ficasse agarrada às profundezas da terra, impedindo-a de ser arrastada pelo mais forte vendaval. 

A pequena árvore começou a crescer e a crescer e tornou-se na mais frondosa e majestosa das árvores do parque. 

A andorinha continuou agarrada à árvore e agora permaneceu bem alto e podia observar o que se estava a passar.

A ventania era na realidade um grupo de jovens raposas a brincarem e provocavam tal alvoroço que assustaram os pequenos habitantes do parque. 

Mas agora a pequena andorinha Maria tinha um problema. Como ia descer da árvore. 

Então ouviu uma voz forte e grave ao mesmo tempo. 

Confia que consegues, não tenhas medo. 

A andorinha Maria confiou, deu balanço e deixou-se levar pela brisa do vento. 

Para não cair começou a bater as asas muito depressa e para sua surpresa a asa esquerda começou a desenvolver-se e a andorinha começou a voar. 

Voou todo o dia de alegria e gratidão. 

Em breve a andorinha Maria podia voar como os seus irmãos. E como ganhou a capacidade de correr muito depressa, agora andava a ensinar os seus irmãos e amigos a desenvolverem essa capacidade. 

Está na hora das andorinhas voarem para outro lugar. 

Mas a andorinha Maria não se esqueceu dos seus amigos, a abelha Amélia e o plátano Paula. 

A andorinha passou o dia fazendo planos com elas e prometeu que voltaria na próxima primavera com muitas histórias para contar. 

Estes três amigos improváveis partilharam muito e partiram com a promessa de voltarem a encontrarem-se muito em breve. 

Capítulo 2

 A árvore e a Abelha Amélia 

Depois da partida da andorinha Maria, os dias ficaram mais pequenos e frios. 

A flor, agora uma árvore majestosa e grande, agora podia ver e contemplar a paisagem à sua volta

Muitos eram os pássaros e insectos que passavam pelos seus ramos e partilhavam histórias por onde passavam. 

Todos os dias a abelha Amélia parava para conversar e partilhava com a árvore os sítios novos que descobria todos os dias. 

Todos dias uma história nova, uma novidade, uma brincadeira nova. 

Certo dia passou por ali um bando de pássaros e pousou na árvore, a quem vamos dar o nome de Margarida. 

O pássaro de nome Rodolfo começou a falar com a árvore Margarida e contou que nas suas viagens se cruzou com uma andorinha de nome Maria. 

A Maria era uma grande empreendedora e está a transformar a vida de todos com que se cruza. 

Tem partilhado pelos quatro cantos do mundo a sua amizade com a abelha Amélia, e com uma árvore muito especial que era tão pequena que parecia uma flor e de repente para a salvar de um perigo desconhecido começou a crescer e tornou-se numa árvore grande e majestosa, e com esse feito a obrigou a desenvolver a sua asa encolhida. 

A Andorinha Maria tem uma academia onde ensina os mais pequenos a desenvolverem capacidades extras, como correr em caso da impossibilidade de voarem, a confiarem em espécies diferentes, entre outros ensinamentos. 

A andorinha Maria está a espalhar a sua força e determinação por todo o lado. 

A árvore Margarida ouviu tudo com muita atenção e ficou muito orgulhosa por ter participado na transformação espantosa da andorinha Maria que apesar de pequena tinha um coração enorme. 

Capítulo 3

As Quatro Estações

O ano é dividido em quatro estações Estas estações também marcam as mudanças que acontecem nas nossas vidas. 

Nascimento, temos a primavera, crescimento é igual ao verão, o outono significa envelhecimento e o inverno à morte ao fim de um ciclo. 

No entanto, as quatro estações também significam muito mais. 

Família, diversão, regresso e tranquilidade. 

Já repararam que na primavera a natureza regressa ao seu estado natural ou mais alegre no seu ciclo. 

É nesta fase que as andorinhas regressam e naturalmente a andorinha Maria estava prestes a regressar ao parque. 

A manhã nasceu cinzenta, o sol teimava a aparecer e ao longe, as palavras ecoavam bem alto. 

A árvore Paula e a abelha Amélia acordaram cedo ansiavam pelo regresso da sua amiga e das histórias que ela traria. 

De repente uma mancha preta foi avistada ao longe. 

Era a andorinha Maria e o seu grupo. 

A árvore Paula e a Abelha Amélia gritaram de alegria e a Maria voo o mais depressa que podia para ir ao seu encontro. Tinha passado um ano desde a última vez que se viram e as saudades eram muitas. 

A andorinha Maria pousou na árvore enquanto o seu grupo continuou até junto dos seus amigos. 

A primavera tem um significado muito importante para quem passa o tempo a viajar, 

Para além de significar o regresso de bom tempo. 

Também é tempo dos reencontros, das festas, do nascimento. 

Os dias tornam-se maiores e o sol está cada vez mais brilhante. 

As três amigas estavam juntas outra vez e era altura de celebrar esta união tão improvável.

Capítulo 4

Nóticias de muito longe 

Sempre que alguém vem de longe, as saudades são muitas, mas principalmente existe uma necessidade de notícias, de saber sobre as aventuras, e sonhar , sonhar sobre lugares que nunca tivemos . 

Já imaginaste podermos ir a estes lugares que os teus amigos e familiares falam. 

O mundo é grande e grandioso. As experiências que vivemos no nosso dia a dia podem ser transformadoras em novidades todos os dias. 

A andorinha Maria falou e falou sobre as suas aventuras durante o tempo que esteve fora,e infelizmente para a abelha Amélia e para a árvore Paula, não podiam viajar como a andorinha.

A andorinha Maria falou de uma terra muito distante onde conheceu outras andorinhas, e como ela e partilhou que sempre que podia falava das suas amigas a abelha e a árvore.

É possível fazer amizade com outras espécies e criar uma amizade para a vida.

A andorinha prometeu que levaria tudo o que aprendeu e aprende com as suas amigas nas suas viagens e elas estariam sempre no seu coração.

E que ia arranjar maneira de fazer chegar notícias sempre que estiver em terras muito distantes,

A árvore e a abelha ficaram a saber que o parque onde vivem é um pedacinho de terra no meio de um mundo enorme povoado e cheio de vida e histórias maravilhosas.

Mas também compreenderam o quanto eram felizes por viverem naquele local onde as espécies se ajudavam e como essa mensagem atravessou o mundo.

As 3 amigas permaneceram mais unidas que nunca e apesar das aventuras vividas individualmente arranjaram sempre tempo para estar juntas e de partilharem as suas aventuras e sonhos.

A aventura continua.



Contos da Andorinha Maria”, um original de Mafalda Lage Borralho